sábado, 21 de maio de 2011

Na hora da festa fiquei de fora!

Paulo Sanda


Puxa vida!
Vou lá com meia dúzia de gatos pingados, nos esfalfamos, ficamos roucos de gritar em várias manifestações seguidas.
Quando finalmente pinta uma galera legal, quando tem dança indígena, participação de “caciques”, eu não posso ir!
Fui convidado, não posso reclamar disto.
O problema é que esta vida de idealista  faz a gente passar por umas situações um pouco difíceis. Havia passado a semana toda com cinco reais no bolso, nem dinheiro para fazer o mercado, quando mais condução para ir à manifestação.
Pois é, faz parte da vida. Mas quer saber de uma coisa. É maravilhoso!
É lindo saber que apesar de eu não poder ter estado lá, as coisas aconteceram.
É edificante ver que os ideais podem contaminar as pessoas.
É recompensador, ouvir que a vida está lutando e continua lá, brotando em muitos corações.
Da mesma forma, dá esperança.
A esperança, que apesar de a humanidade hoje ainda ser predadora da própria humanidade e da natureza, existe um sopro, uma possibilidade das coisas mudarem.
Que conseguimos nos desgarrar de nosso egoismo materialista, para pensar no futuro.
No futuro de todos e do planeta.
Acredito que há esperança, que se por um lado, o “mal” faz parte da natureza humana, no exercício de nosso egoismo e mesquinhez, por outro, o “bem” também luta dentro desta mesma natureza, na forma do amor e da abnegação. Que podemos transcender a esta sociedade egoísta, que só consegue pensar em consumir e consumir, para uma humanidade que deseja amar.
Bom, você deve estar pensando, que eu afoguei minhas mágoas numa garrafa de cachaça e devo estar bêbado e apaixonado para escrever tanta besteira.
Olha eu gosto sim de uma cachacinha, não vou negar. Mas não é este o caso.
Se você olhar para a história da humanidade, verá que, estamos caminhando.
Não é a primeira vez que eu digo isto, mas vale lembrar. Só que desta vez vamos colocar um enfoque diferente, quem quiser ver outros, leia na crônica anterior, “Esperando por uma condenação histórica”.
Cinquenta anos atrás ou menos, uma mulher solteira grávida era um escândalo! A família fazia tudo para encobrir.
Hoje as mulheres são independentes (ou quase) e muitas simplesmente decidem ter um filho sozinhas.
Os homossexuais, eram uma aberração, tinham que se “esconder no armário”. Hoje a união homo afetiva é uma realidade aceita pela lei, os direitos dos casais homossexuais é reconhecido. E não somente pelo estado, mas até uma igreja endossou este reconhecimento. A Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, na figura de seu bispo primaz Dom Maurício.
Mais presente ainda. A partir do próximo ano as sacolinhas plásticas usadas para colocar compras no comércio serão coisa do passado em São Paulo.
Temos muito pela frente para construir uma sociedade justa e sustentável, mas, passo a passo, estamos no caminho. Caímos, tropeçamos, mas continuaremos a jornada.
Da mesma forma que eu não puder ver a bela festa que foi a manifestação contra Belo Monte na av. Paulista no último dia 20 de maio, também acredito que não estaremos vivos quando esta construção humana chegar a sua plenitude. Mas fico feliz de poder ter palmilhado um pequeno trecho desta estrada.
Não desanimemos, a batalha é dura e, às vezes pode parecer inglória.
Mas vale a pena.
Parabéns a todos que estiveram lá. Parabéns a todos que se juntarão à nós daqui para frente.
Nunca é tarde.